Henrique Martins foi fundamental para consolidar dramaturgia no SBT
Por José Eustáquio Lopes de Faria Júnior (@juniorpitangui)
Faleceu neste final de semana o ator e diretor Henrique Martins aos 84 anos de idade. Talvez não se dê a atenção devida à sua figura, mas sua atuação foi fundamental para que o departamento de teledramaturgia do SBT sobrevivesse na suas mais diversas fases.
Henrique Martins orienta Thaís Fersoza na novela "Os Ricos Também Choram", em 2005, no SBT
Então na equipe do “Família Brasil”, da TV Manchete, em 1993, Henrique Martins foi o primeiro grande nome por trás das câmeras a confiar no projeto de Nilton Travesso para o SBT, que vinha de um período de total descrédito, após os insucessos de “Cortina de Vidro” e “Brasileiras e Brasileiros”.
Ao chegar na emissora, se deparou com Nilton Travesso empolgado com os novos projetos para a casa, mas ainda sem a confiança total da direção para implementá-los. Havia muita desconfiança se tais investimentos gerariam algum resultado. 1993 ficou marcado por um vai e vem com “Mariana, a Menina de Ouro”, um projeto que foi série, minissérie, novela, tudo isso em poucos meses e não saiu do papel.
Finalmente, para aproveitar o elenco que havia sido contratado e com o projeto original engavetado, Henrique Martins foi alçado como diretor de “A Justiça dos Homens”, projeto de inspiração bem antiga na TV brasileira, e que servia de calço para preparar o público do SBT paras as novelas que viriam no futuro. Foi ali que, por exemplo, Lília Cabral e Nuno Leal Maia fizeram seus únicos trabalhos na casa.
Henrique Martins com Fábio Cardoso nos bastidores de cena de Pérola Negra, no SBT
Quando 1994 chegou, aos poucos Henrique Martins foi se afastando da direção do programa (que foi entregue a cargo de Paulo Figueiredo) e ele se integrou ao núcleo de teledramaturgia efetivamente para dar vida a “Éramos Seis”, talvez o grande clássico da história da emissora e pontapé inicial para uma visibilidade e respeitabilidade ao núcleo que nunca havia experimentado antes.
O diretor com o ator Carlo Briani nos bastidores da novela "Pícara Sonhadora", em 2001, no SBT
A partir daquele ano, Henrique Martins dirigiu nada mais nada menos que 19 novelas no SBT. Ao todo, foram 14 novelas como diretor-geral e 5 como um dos diretores da trama. E vou aqui citá-las nominalmente para não haver dúvida de sua importância na história da casa. São elas: Éramos Seis, As Pupilas do Senhor Reitor, Sangue do Meu Sangue, Os Ossos do Barão e Pérola Negra (como diretor) e Razão de Viver, Fascinação, Pícara Sonhadora, Amor e Ódio, Marisol, Pequena Travessa, Jamais te Esquecerei, Canavial de Paixões, Seus Olhos, Esmeralda, Os Ricos Também Choram, Maria Esperança, Amigas e Rivais e Revelação (como diretor-geral).
Diretor Henrique Martins orienta Lucélia Santos (sob olhar atento do filho Pedro) nos bastidores de Sangue do Meu Sangue, em 1995, no SBT
Em suma, em 14 anos (1994-2008), ele só não esteve na equipe de direção de “Cristal” e de “Chiquititas” (que foi produzida na Argentina com atores brasileiros). Veja que nesse período todo ele experimentou o auge do banco de elenco da emissora entre 1994-1997, o de produção em ritmo acelerado com métodos até questionáveis impostos como o do uso de ponto eletrônico, a produção de remakes mexicanos e até mesmo a retomada, dirigindo a primeira trama escrita por Íris Abravanel, onde não só foi o diretor, como o “Oculto”, personagem no qual se baseia o mistério da trama.
A grosso modo, mal comparando, Henrique Martins foi um dos sobreviventes em diversas fases da dramaturgia do SBT assim como Hermano Henning passou pelo jornalismo da emissora em boa parte também desse período. Com idas e vindas do setor, era ele ali que segurava e virava o porto seguro da área, muitas vezes fazendo dobradinha com David Grinberg como diretor de teledramaturgia, também falecido recentemente.
Henrique Martins como Sr. Lourenço, seu último trabalho como ator na carreira em Carrossel (2012), no SBT
Quis o destino que seu último trabalho como diretor (Revelação) e também como ator (Carrossel) fossem no SBT, emissora que adotou como casa a partir da década de 90. É importante sempre relembrar e cultuar esses personagens, mesmo que não mais estivessem sob contrato ou integrassem algum projeto no ar. História se faz e se conta. E Henrique Martins ajudou a contá-la muitas vezes no SBT para o deleite de todos nós. Que o “Alemão” descanse em paz!
Fonte :SBT Pedia
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